domingo, 7 de fevereiro de 2021

 

São Lourenço da Mata, 08 de dezembro de 2020.

Angustia e outros sintomas de ser humano

Caros amigos incidentais, companheiros de jornada, amigos de todos os lugares, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da vida, das viagens, dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida pilotando e fazendo parte da paisagem, bem vindos à vida.

Nunca a frase “bem-vindos à vida” fez tanto sentido. Nos meus[1] quarenta e seis anos de vida eu jamais imaginei que o mundo pudesse viver uma pandemia de um vírus mortal, e que todo o lado sinistro de cidadãos no poder fosse se revelar nos seus mínimos detalhes. E essas duas coisas aconteceram em sequência: primeiro a torpeza das pessoas, que segundo alguns jornais, teriam surgido ou se fortalecido depois dos movimentos de insatisfação social em 2013, e que culminou na ascensão de um regime de governo totalitarista (poder de uma doutrina ou ideologia), fomentado por mentiras propagadas em redes sociais, conhecidas como fake news.

Então estar vivo e até se sentir vivo neste momento, significa muito. Eu sempre senti que, quando escrevo, e principalmente quando o texto fica bom, inteligível, estou vivo e energizado. O texto é um bom lugar de reflexão e de exacerbar os sentimentos reprimidos. A pandemia alterou o mundo e a percepção das pessoas sobre o mundo também. Digo isso por mim mesmo: antes eu não me esforçava para ir a todas as festas e confraternizações ao contrário, sempre escolhi muito bem onde eu deveria estar presente, onde eu realmente era esperado e querido, jamais apenas tolerado.

Falar de solidão, assunto de profunda complexidade, exige um conhecimento de si mesmo que acredito ter, mas posso estar enganado. Acho que pela primeira vez eu me sinto sozinho. Não estou dizendo que sou iludido com a ideia de que um casamento seja capaz de acabar com a solidão, ao contrário, além de não acabar ainda pode reforçar a sensação de que o ser humano embora inevitavelmente social está essencialmente só. E também que o amor tem prazo de validade, o que para mim é o mais obvio a se aprender com o casamento.

As vezes me deparo com texto profundos na única rede social que uso atualmente, em prints, por que a quantidade de caracteres das mensagens é limitada. E sempre me chama a atenção a quantidade de gente que se sente sozinha e não é por causa da pandemia do Covid-19. Gente que não conta com o apoio de parentes próximos, que como eu não tem cônjuge, ou que talvez até tenha, mas está em outra sintonia ou tentando tratar a própria solidão.

Como é difícil ser adulto às vezes. Tanta responsabilidade e tantos desejos não atendidos que a mente até entra em conflito de prioridades. E como dizia o enigma da Esfinge Decifra-me ou devoro-te, o importante é decifrar a si mesmo antes que o carrasco interior o consuma, o devore. E é na solitude[2], condição de quem escolhe ficar só, presumindo que no momento a pessoa consiga isso, que vamos encontrar possíveis respostas, se valendo de que nesse momento de reflexão nenhuma tragédia aconteça.



[1] Joel Gomes – Bacharel em Ciências Sociais, acadêmico da Geografia, Pernambucano, Moto-turista, escrevendo para se livrar das suas próprias dores (jotagomes@gmail.com).

[2] https://www.dicio.com.br/solitude/.

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