quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Conservação das Motos Custons

No meu dia a dia com a pratica do lava motos e com informações obtidas em sites, blogs, fóruns e nas revistas especializadas acumulei muitas informações sobre conservação de motos custons. Juntando tudo fiz uma releitura onde acrescentei minha experiência e meu pensamento, gerando assim esta matéria inédita, que estou disponibilizando para todos os amigos motociclistas apaixonados por motos custons:


Não fique muito tempo sem utilizar sua moto custom, um dos fatores mais importantes para a conservação da moto custom é o seu uso freqüente. Deixá-la parada sem uso por um certo tempo é prejudicial para todos os componentes como: pneus, tanque de combustível, bateria, carburadores, e outros. No caso das custons, por incrível que pareça, quando a motocicleta fica parada por um certo tempo, inicia-se um processo de oxidação que pode comprometer rapidamente todas as peças cromadas.

Não deixe de lavar sua moto custom por muito tempo isso é prejudicial para sua conservação, alguns sedimentos e micro sedimentos se fundem em todos os materiais, em especial nos cromados, esses pontos de sujeira funcionam como retentores de umidade e serão os causadores do inicio da oxidação. Portanto deve-se rotineiramente lavar, secar bem e polir com produtos adequados todas as partes cromadas.

Um inimigo de todas as motos, em especial das rodas cromadas das custons, é a urina de nossos amigos cães e gatos, que corroem rapidamente os cromados. Você não precisa se livrar desses parceiros, basta encher quatro garrafas pets de 2 litros com água mantendo uma em cada lado das laterais das rodas. Isso fará com que seu amigo faça suas necessidades na garrafa e não nas rodas cromadas.

Atualmente, a maioria das motos custons tem seu motor pintado de preto fosco. Após o uso em dias de chuva ou locais onde as partes pretas recebem terra e barro, é muito importante que essas partes sejam imediatamente lavadas, caso contrario esse material ira fundir-se com a pintura preta, deixando-as permanentemente amareladas. 

Nunca leve sua moto custom em lava rápido de veículos, os produtos e equipamentos utilizados são inadequados para a lavagem de motos custons. Os produtos como o “Solupam” e o “Ativado” provocam manchas profundas nos cromados que nunca mais são retiradas, alem de provocar a oxidação precoce de todas as demais peças metálicas.

Para as custons clássicas que possuem faixas bancas nos pneus, podem-se lavar com bucha tipo Scott Brite e Sapólio. Na etapa de acabamento das rodas podem-se também remover as manchas remanescentes nessas faixas brancas com o uso de querosene.

Com bastante freqüência examine visualmente a integridade da junta das tampas dos reservatórios de fluidos de freios, em especial o da frente que fica sobre o guidon, é comum se verificar vazamentos, o fluido de freio é altamente corrosivo e “detona” todo local onde tem contato.

O uso de capa para moto é uma opção que precisa ser bem planejada, deve-se escolher o modelo adequado e evitar as muito pesadas. O ideal é utilizá-la somente quando a moto for ficar muito tempo sem rodar. Não se deve colocá-la quando a moto estiver suja, pois a mesma ira riscar a pintura e os cromados. Não se deve colocá-la quando o motor estiver quente, alem da possibilidade de queima pelo contato com partes muito aquecidas como o escapamento, ao se colocar a capa sobre a moto quente ela ira formar umidade (vai suar) e essa umidade será a responsável pelo inicio de um processo de oxidação.

As bolsas e Alforjes de couro devem ser utilizadas sempre com suporte adequado, quando a bolsa é colocada em contato direto com a pintura ou cromados da moto a mesma ira riscar esses locais por abrasão, principalmente em longas viagens.

Para a conservação e rejuvenescimento do couro das bolsas devem-se utilizar os óleos minerais puros, encontrados nas lojas que comercializam produtos de couro.
  
Os baús e bauletos são uma opção muito comum nas motos custons, mas sua instalação deve ser bem planejada, na maioria das vezes os suportes para fixação do bauleto não são adequados, e sua colocação compromete componentes originais da moto. Procure instalar o suporte no mesmo local que vendeu o bauleto e exija garantia total por escrito do conjunto.

Os acessórios de customização cromados não originais são outra fonte de preocupação. A qualidade e a instalação dos mesmos deve ser bem planejada. É comum o cromado desses acessórios começarem a oxidar e enferrujar de maneira prematura. Instalações inadequadas também comprometem componentes originais da motocicleta. Exija sempre de quem instala garantia por escrito da qualidade dos materiais cromados e garantia da instalação.

Os bancos e assentos não originais vendidos como acessórios de customização também têm sua qualidade muito duvidosa, em geral a espuma não é de boa qualidade e “cede” fácil. As capas desses bancos em geral não suportam a ação da chuva e do sol como os bancos originais, portanto exija também, na hora da compra e instalação, a garantia por escrito. 

Tomás André dos Santos - tasmotos

Fonte:http://www.showmoto.com.br/artigos/903/conservacao-das-motos-custons.htm

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Motociclista e garupa é preciso sincronia e confiança


O que mais ouvimos e vemos no meio motociclístico são pessoas se gabando por serem bons motociclistas.
Entretanto o homem não foi feito para andar só, por isso muitas vezes leva com ele um companheiro(a), trata-se do garupa.
E você, sabe ser um bom garupa?
Parece ser muito simples, mas alguns cuidados são necessários para que o relacionamento entre o motociclista e o garupa esteja em sincronia.

Um mau garupa, uma pessoa desatenta ou inexperiente, que tenha um comportamento inadequado pode ser a causa de um acidente. Talvez por isso não é raro ver um motociclista que não goste de garupa, mas ninguém pode estar livre de incidentes e por isso pode ser forçado a levar um garupa, ou mesmo se tornar um.
Vamos ser básicos e didáticos, começando com a forma correta de se subir em uma moto. O garupa deve montar na moto como se estivesse montando literalmente em um cavalo, da seguinte forma, primeiro ele apoia um dos pés sobre uma das pedaleiras, passa a perna sobre o banco, apoia o outro pé sobre a outra pedaleira e ajeita-se para encontrar uma posição confortável, onde se sinta seguro.

Atenção garupa! Não custa nada ajudar nas manobras, por exemplo quando estiverem saindo ou chegando em algum estacionamento. Ajudar sempre é válido. Quando for preciso fazer algum pagamento, seja no estacionamento ou no pedágio, cabe ao garupa fazê-lo, fica mais fácil que ele fique com o dinheiro.
É muito importante evitar apoiar seu peso sobre o piloto. Claro que fica mais fácil quando a moto tem sissy-bar uma espécie de banco com acento muito comum nas motos custon, caso a moto não tenha, é preciso que o garupa  mantenha o corpo ereto, no máximo ele poderá  inclinar-se levemente para frente, nunca  para trás, isso pode desequilibrar a moto.
Na hora das arrancadas e freadas, deve segurar nas alças traseiras da motocicleta e não no condutor.
Uma inclinação errada pode ser fatal, principalmente se tratando de curvas, não fique com medo de cair, é importante confiar no piloto, pois seu medo pode te levar a inclinar-se para o lado contrário, desequilibrando assim a moto.
Evite movimentos bruscos, eles tendem a desestabilizar a moto, fique relaxado e busque sentir os movimentos do motociclista e da moto, buscando sincronia. Garupas que ficam muito duros, acabamfazendo a moto rebolar nas manobras.
Quanto maior a velocidade, mais próximo do piloto se deve ficar, assim o peso fica centralizado e diminui as turbulências causadas pelas rajadas de vento.
Essa dica é para as mulheres, é preciso ter bom senso e andar de moto com roupas adequadas, de preferência a calças, saias e vestidos nunca!!
Evite levar bolsas grandes, por mais que estejam na moda, e por favor economizem nos penduricalhos, nada que possa voar e se agarrar a roda, como cachecóis por exemplo.
Na hora de pegar a estrada todos os cuidados devem ser redobrados, se a viagem for à noite, cuidado para não cair no sono e com isso levar todos ao chão.
Enquanto ele estiver manobrando a moto mantenha seus pés nas pedaleiras.
Chegando ao destino nunca desça da moto sem avisar ao motociclista.
Com todos esses cuidados com certeza a dupla tende a perdurar!
Bons passeios para todos....
Fonte: http://www.encontrodemotos.com/articles/2012/11/motociclista-e-garupa-e-preciso-sincronia-e-confianca.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Entre a razão e a emoção


Hoje lembro com satisfação do dia em que vi homens barbudos, vestidos de preto e com a maior "cara" de malvados pilotando motocicletas loucas, com franjas penduradas nos manetes e motores roncando a todo custo enquanto estava a caminho de um restaurante na zona sul do Recife.
Desde tal dia, surgiu minha vontade de apenas pilotar uma motocicleta, nem que fosse uma das mais simples. A realização veio tarde, talvez 6 anos depois, com uma motocicleta muito comum, modelo street de baixa cilindrada, e desde então o espírito de motociclista me tomou.
O principal objetivo de vida passou a ser a compra de uma motocicleta. Porém, bastou comentar com poucas pessoas, talvez duas ou três, para que a bomba explodisse: Surge a família com súplicas, os amigos com conselhos, as namoradas e casos não sérios com lágrimas, entre outros pontos que puxam a desistência. É necessário ter muita paciência e compreender que tudo não passa de preocupação (e quem disse que sem razão?), tentando, com sapiência, dosar os pontos.
A cada vez que uma notícia é aclamada em tele ou radiojornais surge alguém para me avisar que os acidentes estão aumentando, que a palavra moto já parece com "morto", que todo mundo cai, que a culpa não é só do piloto e outras milhões de conversas.
Deixando de lado as preocupações e as opiniões alheias, o problema passou a ser a escolha da motocicleta. Seria uma comum? De forma nenhuma. No mínimo uma Trail! Mas, e onde fica o espírito de motociclista relacionado as motos custom? Eis o problema. E a paciência para ficar preso no trânsito com uma moto que mais parece um carro?
O problema deixou de ser os outros e passou a ser eu mesmo. Ingênuo, mas com uma ferramenta incrível na mão (internet), busquei por motocicletas personalizadas. Sabes quando encontras aquilo que tanto procuras depois de algum tempo, quando já estás quase desistindo e terminando na convenção? Foi isso que aconteceu. Conheci a principal divisão das motos custom: Bobber e Chopper, e aí lá vem outro drama, qual eu quero?
Na minha cabeça surgem muitas marcas famosas e modelos conhecidos pela facilidade de modificação, cada uma mais doida que a outra no estilo custom, embora sejam todas padronizadas, todas no mesmo estilo, diferencial zero.
Pensei, se a internet me possibilitou encontrar motocicletas personalizadas, por que não me permitirá encontrar os usuários que personalizaram tais motocicletas? É dado então o meu envolvimento com motoclubes, onde encontrei aqueles motociclistas com aspecto de malvados da minha infância, que agora estão/andam ao meu lado, de igual para igual, como amigos.
Objetivo realizado, motocicleta adquirida, basta pilotar! Perfeito, basta pilotar, mas e o que é necessário para pilotar? Aproximadamente mil reais para se habilitar, gasolina, manutenção, paciência, jaqueta, capacete, calça, luvas, etc.(...)
Gasto é o que não falta, mas depois de tudo pronto, a alegria toma conta e compensa quaisquer gastos, quaisquer dores de cabeça e quaisquer aborrecimentos, menores que sejam. Este texto não seria publicado e terminaria na linha acima, mas resolvi publicar apenas em meu perfil social e nos grupos de motociclistas, compartilhando um pouco das minhas ideias em relação ao mundo sobre duas rodas (e motorizado, pois esse negócio de bicicleta não dá para mim!!!!!!).
Então, para que ele seja publicado, preciso deixar alguma mensagem final, e a mensagem que vos deixo é a seguinte:
AO MONTAR, ACELERAR E PERCORRER POUCOS METROS, É PERCEPTÍVEL QUE HÁ PESSOAS OBSERVANDO SEU PERCURSO, SUAS VESTES E SUA MOTOCICLETA PERSONALIZADA, CHAMANDO O AMIGO AO LADO PARA QUE APRECIE NAQUELE CURTO INTERVALO DE TEMPO, PARA QUE POSSA VER A CENA. UM DIA FUI CRIANÇA E PUDE VER MOTOCICLISTAS DE VERDADE, NÃO ME PERDOO POR NÃO TER AO MENOS ACENADO PARA ELES DA JANELA DO CARRO, SABE-SE LÁ O MOTIVO, TALVEZ TIMIDEZ, TALVEZ MEDO. HOJE SOU UM DELES E ME ESFORÇO PARA RESPONDER AO ACENO DE TODOS, APROVEITANDO PARA DEMONSTRAR MEU REAL CONTENTAMENTO.
MINHA MAIOR SATISFAÇÃO É SABER QUE ESTOU DANDO CONTINUIDADE AO QUE UM DIA ALGUÉM COM O MESMO ESPÍRITO QUE EU, E AQUELES DA MINHA INFÂNCIA, COMEÇARAM, E COMO EU AGRADEÇO POR TER COMEÇADO. CRIANÇAS SÃO ANJOS. SE ALGUM DIA, DURANTE UMA VIAGEM, TU PERCEBERES TEU FILHO ACENANDO PARA UM MOTOCICLISTA NA ESTRADA, VAIS TE PERGUNTAR SOBRE O ACONTECIMENTO. A RESPOSTA É UMA SÓ: APENAS OS ANJOS SABEM COMO COMUNICAR-SE ENTRE SI E DAR A REAL IMPORTÂNCIA AO QUE É VALIOSO NA VIDA. MOTOCICLISTAS SÃO ANJOS TAMBÉM, ANJOS SOBRE DUAS RODAS!

Do meu afilhado: Rafael Henrique.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Estudo MAIDS: Carros São a Principal Causa dos Acidentes com Motos


Todo problema tem causas, consequências e soluções. Os acidentes com motos são um problema com consequências terríveis, como morte, invalidez, tristeza e prejuízo financeiro. Agora, quais são as causas e as soluções para esse problema?
Olhando para as campanhas de prevenção, parece haver certo consenso entre as autoridades brasileiras que as causas dos acidentes são tão somente a imprudência dos motoqueiros e as bebidas alcoólicas ingeridas por esses elementos do mal. Baseadas nessa impressão distorcida, as autoridades propõem campanhas condenando todos os motoqueiros por pilotarem de forma imprudente e por pegarem a estrada na mais completa embriaguez. Sabe como é, “coisa de pobre sem classe e de pouquíssima educação”.
Sim, caros amigos, isso é verdade. Já ouvi, com esses ouvidos que a terra há de comer, uma otoridadedefendendo que a solução para diminuir os acidentes seria aumentar o DPVAT, pois daí a plebe não poderia mais ter motos. Se bem que outra otoridade logo rechaçou a idéia, pois diminuiria a arrecadação de impostos. Afinal, esse negócio de motos novas gera mais de 10 bilhões de reais por ano. Por cima disso ainda há as motos usadas, combustível, óleo lubrificante, mão-de-obra, peças e serviços. Isso sem contar toda a grana que é gerada pela circulação de mercadorias, viabilizada pelos entregadores de moto. “Vamos colocar a plebe em seu lugar, mas sem diminuir o nosso lucro, né?”
Voltando ao que importa, e os motoqueiros que não bebem e não são imprudentes, será que esses nunca se envolvem em acidentes? É só perguntar para qualquer motoqueiro que ele contará como os carros se jogam em cima das motos, não param no sinal vermelho e fazem conversão à esquerda sem olhar. Essas sim são as principais causas dos acidentes com motos.
Tudo bem, algumas motos também fazem isso, mas há uma grande diferença:
Um motoqueiro imprudente é um bobo. Um motorista imprudente é um assassino.
Mas essa conversa não está levando a nada. As autoridades e os motoristas acham que a imprudência dos motoqueiros causa os acidentes. Do outro lado, os motoqueiros acham que a imprudência dos motoristas é que causa os acidentes. Como saber a verdade? Simples: pesquisa científica.
Em geral, os estudos sobre acidentes de moto limitam-se às consequências: tantos acidentes, tantos mortos, tal prejuízo. Alguns estudos vão um pouco além, analisando os boletins de ocorrência preenchidos pelos agentes de trânsito. O problema é que essas análises são limitadas e reproduzem o preconceito da sociedade (i.e., os motoqueiros sempre são os culpados).
Há dois grandes estudos sobre causas de acidentes de moto: Hurt Report (EUA, 1981) e MAIDS (In-Depth Investigations of Accidents Involving Powered Two Wheelers”, Europa, 2004, revisado em 2009). Esses dois estudos são diferentes dos outros porque foram baseados em um grande número de dados levantados por equipes de especialistas que iam até o local dos acidentes. Engenheiros, médicos e peritos de trânsito. Se você quer descobrir as consequências, vá a um hospital. Se quiser saber as causas, vá ao local do acidente. Se você quer uma solução, pergunte para quem entende das causas. Não confunda causa com efeito.
O MAIDS analisou 921 acidentes na França, Alemanha, Holanda, Espanha e Itália, no período 1999-2000. As equipes iam ao local do acidente, interrogavam os acidentados e as testemunhas, faziam perícia nos veículos e levantavam a topologia do local. O relatório de cada acidente continha aproximadamente 2000 variáveis registradas.
Os resultados mais importantes são:
- Em 50% dos casos, a causa primária do acidente foi erro do motorista do carro.
- Em 37% dos casos, a causa primária do acidente foi erro do motoqueiro.
- 5% dos motoqueiros haviam ingerido álcool.
- Motoqueiros sem habilitação tinham um risco bem maior de se envolverem em acidentes.
- Motoqueiros entre 41 e 55 anos se envolviam em menos acidentes.
- Motoqueiros entre 18 e 25 anos se acidentavam proporcionalmente mais.
- Motoristas que tinham habilitação para motos conseguiam perceber melhor as motos se aproximando.
Em outras palavras, os carros são os grandes culpados dos acidentes com as motos.
Claro que não podemos generalizar a partir de um único estudo. Também é muito provável que o trânsito na Europa seja diferente do Brasil. Aqui no Brasil não são só os carros que matam os motoqueiros. Uma outra boa parcela de acidentes com motos deve ser causada por buracos, falta de sinalização, ruas mal projetadas, falta de visibilidade nas esquinas, brita deixada nas ruas pelas equipes tapa-buraco, ruas que não são limpas com frequência e instalação de estacas nas calçadas. No entanto, mesmo que o MAIDS não tenha sido feito no Brasil, é melhor nos basearmos em algum estudo científico do que em achismos.
Agora, quanto tempo será que demora um estudo desses? Um ano para planejamento, seis meses para treinamento da equipe, dois anos para acompanhamento dos acidentes, um ano para consolidar os resultados. Quase cinco anos. E quanto custaria uma equipe de peritos 24h, veículos, equipamentos, consultores, viagens, diárias, congressos e pesquisadores? Muita grana. Não é coisa para governos quebrados, não é coisa para amadores, não é coisa para quem quer resultados para a próxima eleição, não é coisa de empresa que só quer parecer que está fazendo algo, não é coisa de quem quer descobrir as causas olhando somente para as consequências. Não. É coisa de gente grande.
Analisando o que vem sendo feito no Brasil à luz dos resultados do MAIDS, podemos concluir que:
1 – É bom fiscalizar o uso do álcool e da habilitação. Embora o resultado do MAIDS seja de que apenas 5% dos motoqueiros estivessem usando álcool, esse número estava abaixo do encontrado em outros estudos.
2 – Legal fazer campanhas contra a imprudência dos motoqueiros. Se bem que poderiam ser mais inteligentes, pois qualquer motoqueiro se irrita ao ver um filme com a câmera acelerada para toscamente simular a imprudência, ou então uma propaganda que mostra um motoqueiro sem capacete perder a perna no acidente… campanhas patéticas e hilárias. Isso sem contar que essas campanhas deveriam deixar muito claro que apenas alguns motoqueiros são imprudentes.
Ao invés de culpar os motoqueiros por tudo, a filosofia de alguns instrutores americanos para a educação dos motoqueiros é a seguinte:
Motoqueiro, você não é o principal culpado dos acidentes. Mesmo assim você precisa ser muito mais inteligente que os motoristas de carro. Afinal, mesmo certo, você é a vítima.
Criminalizar os motoqueiros, como as campanhas vêm fazendo, é uma solução simplória e conveniente, que não mexe com os eleitores da classe média (imagine uma campanha ensinando motoristas de carro a terem cuidado com os pobres motoqueiros) e não envolve muitos custos (achismo é bem baratinho e qualquer um pode achar o que quiser, ao contrário das pesquisas científicas). Conveniente sim, mas não eficaz.
Ah… alguém pode até dizer que o número de mortes diminuiu depois das campanhas simplórias. Falácia. A questão não é essa. A questão é que poderia ter diminuído muito mais. A conta não é de quantas pessoas foram salvas com as campanhas. A conta é de quantos motoqueiros poderiam ter sido salvos com a coisa bem feita. Se você salvou dez pessoas quando poderia ter salvo cem, não pode se jactar nos jornais por ter salvo as dez, mas sim ser julgado por ter deixado de salvar noventa. Toda vida tem valor.
Como disse H. L. Mencken, “para cada problema complexo há sempre uma solução simples, elegante e errada”. Não precisamos de soluções convenientes. Precisamos da solução correta, por mais trabalhosa que seja. Pessoas estão morrendo.
Culpar os motoqueiros é fácil. Agora, fazer uma campanha de educação para a classe média que conduz os carros, daí precisa de coragem. Punir as autoridades por ineficácia das campanhas? Nem pensar… “todo mundo sabe que a culpa é dos motoqueiros!”
Além de continuar com as boas ações atuais, a solução correta do problema dos acidentes envolve:
3 – Educar os motoristas de carro, com campanhas educativas e treinamento efetivo. Afinal, como nós vimos, os carros são a principal causa dos acidentes com motos. Simples de entender que os motoristas de carro devem ser educados, mas precisa de coragem e inteligência para fazer isso, né?
4 – Investir em pesquisas para quantificar as causas dos acidentes envolvendo motos no Brasil. É fundamental conhecer um problema antes de propor uma solução. É preciso ir ao local do acidente para descobrir a causa. No hospital só dá para descobrir as consequências. Para essas pesquisas precisamos de grana, inteligência e competência.
5 – Ouvir os motoqueiros. Principalmente os que nunca se envolveram em acidentes, pois eles desenvolveram estratégias eficazes de sobrevivência no trânsito. Simples assim. Inteligência sempre cai bem.
6 – Avaliar as campanhas governamentais, comparando os resultados com campanhas similares realizadas em outros locais e descobrindo como a grana está sendo realmente gasta por toda a operação. Mas daí precisa de uma imprensa independente, que tenha coragem de arriscar o seu patrocínio governamental e suas fontes oficiais. Essa imprensa também tem que ser competente, dominando um mínimo de estatística, de checagem de dados e de técnicas para refutação de argumentações falaciosas. Ouvir outras opiniões além dos press releases das autoridades também ajuda em uma boa reportagem. “Mas é tão fácil dar copy & paste. Além disso, eu sou tão amiguinho das autoridades. Não quero decepcionar quem me trata tão bem”. Para fazer essa avaliação das campanhas, mais do que inteligência, precisamos de jornalistas que tenham um forte compromisso moral. “Mas que coisa mais démodé“.
7 – Cobrar a participação efetiva das fabricantes na redução dos acidentes. Algumas autoridades ficam babando por qualquer ajudinha das fabricantes: “Oh! Eles fizeram uma campanha na minha cidade! Que tudo!”. Tudo bem que as fabricantes não têm muita culpa nos acidentes com as motos dos seus clientes. Mas são responsáveis mesmo assim por minimizá-los. As autoridades deveriam parar de agradecer as esmolas e cobrar um grande investimento em pesquisas e campanhas. Com metas objetivas e cobrança de resultados. Afinal, as fabricantes faturam bilhões de reais. Devem, sim, colaborar na redução dos prejuízos advindos do uso dos seus produtos. Talvez esteja na hora do ministério público apertar um pouco o cerco.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A imbecilização do mundo


Os mais celebrados mestres da culinária vanguardista, ou seja, aqueles que empregam produtos da Nestlé e figuram em uma classificação anual divulgada pela revista Restaurants (20 mil exemplares de tiragem, destinada aos refinados do mundo), acabam de encerrar em Copenhague um simpósio exaltante. Festa entre amigos, corrente da felicidade, rea­lizada à sombra do Noma, primeiro da lista da Restaurants, do chef René Redzepi. Entre as novidades apresentadas, formigas vivas nutridas com citronela e coentro, de sorte a assumir um gosto suavemente acidulado, para o agrado de todos os paladares, segundo os participantes do evento. Cuja contribuição à imbecilização global é de evidência solar.
Há atenuantes. A quem interessa ler a Restaurantsqual fosse o Novíssimo Testamento ou comer formigas vivas, ou até espuminhas de camarão, a preços estratosféricos, está claro? A minoria de imbecilizados, é a conclusão inescapável, em um mundo onde a pobreza fermenta e muitos morrem de fome. Mundo capaz de grandes progressos científicos, presa, ao mesmo tempo, de uma crise econômica monstruosa, provocada pela sanha de poucos em detrimento dos demais semelhantes. Bilhões.
As atenuantes, como se vê, são medíocres, embora não exija esforços mentais brutais perceber que imbecil é quem come formigas vivas em lugar de um mero trivial. Somos o que comemos, dizem os sábios, donde a inevitabilidade das ilações quando se multiplicam as provas da cretinização global. Neste mar a vanguarda da gastronomia ao alcance dos bolsos recheados é um lambari.
O Brasil não escapa, e nem poderia. Somos uma nação vincada pela ignorância e pela prepotência da minoria reacionária, a preferir que as coisas fiquem como estão para ver como ficam e a reputar sagrada a classificação da Restaurants. Aqui manda a moda, mas, neste mar, a dita cultura de massa é o próprio vento a enfunar as velas. Sem contar a desorientação diante do mistério da vida e o medo da morte. Deixarei de falar de esperanças impossíveis. Vou para miudezas, de certa forma, para falar de situações recentes. E então, digamos, Anderson Silva.
É brasileiro o número 1 do MMA, o vale-tudo do octógono, a luta que assinala o retorno aos gladiadores. Li, pasmem, na primeira página do Estadão. Só falta o Coliseu. Também faltam os leões, mas não nos surpreenderemos se, de uma hora para outra, irromperem na arena. Os índices de audiência são altíssimos, obviamente, e haverá quem se ufane de ser brasileiro ao se deparar com a ferocidade de Anderson, nosso Hércules. E fique feliz porque a transmissão do MMA iguala o Brasil aos Estados Unidos e ao Japão. No resto dos países tidos como civilizados, a luta é proibida.
Vale recordar que a tevê nativa ostenta tradições valiosas. Por exemplo: o nosso Big Brother, ao repetir experiências globais, bate recordes de grosseria. Acrescentem-se os programas populares do fim de semana, os seguidores do Homem do Sapato Branco e os tempos da celebração da dança da garrafinha em horário nobre. Aproveito para sublinhar que a pensata “nobre” me deslumbra.
A aposta na parvoíce da plateia é constante. Inesgotável. Praticada pela mídia nativa com singular esmero, produziu o efeito de comprometer a saúde intelectual dos seus autores. Não fogem do destino inúmeros políticos, vitimados por sua própria incompetência. Permito-me escalar nestas linhas o presidente do PT, Rui Falcão, e o novo presidente da CUT, Vagner Freitas. Em perfeita sintonia, ambos anunciam sua inconformidade em relação ao possível “julgamento político do mensalão”. Peculiar visão, a dos cavalheiros acima. O processo tem e terá inevitáveis implicações políticas, e não cabe a eles exercer qualquer gênero de pressão sobre o Supremo.
Enquanto evita-se discutir com toda legitimidade uma questão premente, isto é, a inegável suspeição quanto à participação do julgamento do ministro Gilmar Mendes, Falcão e Freitas oferecem munição de graça à mídia nativa, ela mesma tão interessada em politizar o processo. Os meus melancólicos botões garantem que os políticos de antanho, vários bem mais à esquerda dos senhores citados, eram também mais espertos.

Mino Carta



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Dicas para aumentar a vida útil dos pneus de motocicletas

É possível conseguir um aumento significativo da vida útil dos pneus de uma moto se alguns cuidados básicos forem adotados pelo motociclista, segundo aponta Alexandre Levorin, gerente da unidade Moto da Levorin Pneus, fabricante de pneus para motos. “A boa utilização dos pneus é fundamental para a segurança da motocicleta. Por isso, é preciso ter uma atenção redobrada no trato com o equipamento”, diz.O especialista aponta que um dos erros mais comuns é a substituição de pneus sem obedecer às recomendações do fabricante da moto. “Em uma moto, quase não há margem para modificações nos pneus”, completa.
Veja algumas dicas básicas:
- Os pneus devem ser calibrados semanalmente, seguindo as recomendações do fabricante da motocicleta. A pressão precisa ser alterada em cada situação de uso (com carona na garupa, carga ou apenas o condutor);
- Os pneus devem ser montados apenas em máquinas. Nunca permitir a montagem manual em borracheiros não habilitados. O pneu de uma moto pode ter o talão (friso de aço lateral) quebrado por uma operação de montagem inadequada;
- As rodas devem passar por um balanceamento rotineiro, um procedimento fundamental para evitar o desgaste prematuro dos pneus;
- Os pneus não especificados para o modelo da moto não devem ser usados nunca. As alterações para fins estéticos acabam prejudicando o desempenho da moto e comprometendo a segurança do motociclista e a durabilidade dos pneus;
- Nunca fazer adaptações para deixar de usar câmeras de ar. Em motos, os pneus sem câmera somente são empregados em alguns poucos modelos que utilizam aros específicos para este fim.
- Os aros utilizados devem ser aqueles recomendados pelo fabricante. Mudanças provocam diferenças sensíveis no desempenho da moto, novamente comprometendo a segurança do motociclista e a durabilidade dos pneus.
- Jamais utilize pneus recauchutados
- A moto sempre deve estar com o “quadro” alinhado, caso contrário a vida útil do pneu ficará comprometida por rodar fora de alinhamento com o piso.
- Nunca submeter o pneu a sobrecarga. Pode ocorrer o superaquecimento, desgaste excessivo, separação entre lonas e banda de rodagem. Portanto, é importante sempre manter as pressões e carga recomendadas conforme gravações que constam no flanco de cada pneu.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Campanha de Prevenção de Acidentes de Moto – Olhe Duas Vezes


A maioria dos acidentes envolvendo motos é causada pelos carros que “ops, desculpa, foi mal” não viram a moto (e.g., Hurt Report, MAIDS).
Esse fenômeno pode ter várias causas. Primeiro, é possível que os seres humanos tenham realmente alguma deficiência mental para ver veículos em duas rodas. A segunda possibilidade é que eles talvez até vejam as motos, mas avancem mesmo assim, esperando que o veículo mais frágil diminua a velocidade. A terceira e mais provável possibilidade é que os motoristas de carro (carangueiros) não tenham sido devidamente treinados para compartilhar as ruas com motoqueiros, bicicleteiros e pedestres.
As campanhas contra acidentes de moto no Brasil não levam em conta a culpa dos carros. Ao invés de educar os carangueiros, as campanhas insistem em criminalizar os motoqueiros, dizendo que as causas dos acidentes são apenas o álcool ou a imprudência de quem está na moto. Por que isso? Mais uma vez há muitas possibilidades. Uma delas é que motoqueiros em geral são mais pobres, por isso necessariamente devem ser os culpados, né? Uma segunda possibilidade é que quem não anda de moto morre de medo de moto. Qualquer coisa para eles é imprudência.
Nos outros países também é assim, com a maior parte das campanhas colocando a culpa nos motoqueiros. Por exemplo, o vídeo abaixo tenta mostrar que se o motoqueiro estivesse mais devagar ele teria se livrado do acidente. Tudo bem, isso está certo. Se estivesse mais rápido também teria se livrado (ah… eu também sei usar falácias). Mas a questão não é essa. O problema é que quem causou o acidente foi o carro!
Embora os responsáveis pelas campanhas pareçam não saber que os carros é que matam os motoqueiros, esse é um fenômeno largamente estudado por cientistas e por técnicos de trânsito. É conhecido como LBFTS Effect (looked but failed to see), i.e., Efeito Olhei Mas Não Vi.
No final das contas, o que é preciso fazer de fato para diminuir os acidentes?
  1. Ouvir de verdade os motoqueiros. Inútil, a gente somos inútil!
  2. Continuar com as campanhas contra o uso de drogas, celulares e vídeos no trânsito. Sem fins eleitoreiros ou de engenharia social.
  3. Reformular a educação dos motoqueiros, fazendo campanhas pensadas por quem entende de moto e por quem sabe falar com os motoqueiros. As campanhas não deveriam ser lideradas por quem tem medo de tudo, por quem tem interesse em vender motos, por quem quer ser promovido, por quem se acha um “motociclista diferenciado”, por quem acha que os motoqueiros são um subpovo, por quem quer presidir uma organização, por quem não tem poder político, por quem não é representante dos motoqueiros ou por quem quer concorrer em alguma eleição. Todos devem participar, mas a liderança tem que ser independente, forte e ligada aos motoqueiros. Chega de campanhas do medo. Chega de falácias.
  4. Educar os motoristas de carro para que aprendam a visualizar tanto os veículos em duas rodas quanto os pedestres. Agora, será que alguém tem coragem de, em ano de eleição, fazer uma campanha para ensinar a classe média a se importar com os pobres?
  5. Realizar estudos científicos para quantificar as reais causas de acidentes de moto no Brasil. Chega de achismos. Chega de confundir causas (carros assassinos) com conseqüências (motoqueiros mortos). Não são as motos que matam, são os carros. Chega de falácias.
  6. Cobrar os resultados das campanhas governamentais. Isso mesmo, queremos comparar o que vem sendo feito aqui com o que é feito em outros lugares. Também queremos saber quanta grana vem sendo gasta. Ah… e depois ver quem usou essas campanhas para se candidatar nas próximas eleições.
  7. Exigir a participação efetiva das fábricas de moto. Ganhar 12 bilhões por ano é fácil. Agora, ser responsabilizado pelo uso do seu produto, daí ninguém quer, né?
Motoqueiros são vulneráveis: precisam ser protegidos.
Motoristas imprudentes são perigosos: podem ser educados.
Autoridades ignorantes são responsáveis: serão denunciadas.
Fonte: http://blog.fabiomagnani.com/?page_id=13466

terça-feira, 29 de maio de 2012

Dirigir motocicletas pode prejudicar a audição?


Se você quer pilotar embalado pelo ronco de sua moto por muitos e muitos anos, vale à pena ficar atento quanto ao prejuízo que isso pode acarretar à sua audição, porque, além das preocupações com uma pilotagem segura, é preciso considerar que o excesso de barulho do motor da moto não faz bem aos ouvidos.
De acordo com estudo do National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação), dos EUA, uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis (dB). Especialistas são unânimes em afirmar que ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna do ouvido e perda permanente de audição; e o problema é mais agudo quanto maior for o barulho e o tempo de exposição do piloto a esse excesso de ruído. Como efeito de comparação, uma conversação normal atinge 60 dB.
A exposição prolongada ao barulho de uma motocicleta pode causar nos pilotos uma ” Perda Auditiva induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados ” – conhecida pela sigla PAINPSE. A situação piora porque muitos motociclistas alteram o sistema de escapamento, utilizando ponteiras esportivas ou personalizadas, que elevam ainda mais o nível de ruído emitido pelas motos.
A grande preocupação dos especialistas é que a ” Perda Auditiva induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados ” é cumulativa; qualquer dano auditivo vai se somando ao longo do tempo. Mesmo que uma pessoa se exponha diariamente por um curto período a um ruído acima de 85 dB, os prejuízos na audição podem aumentar depois de muitas exposições ao mesmo barulho.
Outro grave problema é o uso de aparelhos, como MP3, enquanto se dirige, um hábito de muitos pilotos de moto. “Além do barulho da moto, o piloto ainda está exposto ao barulho da música que pode atingir mais de 100 decibéis, causando danos ainda mais graves. Nesses casos, o problema auditivo pode chegar mais cedo. Por isso, a prevenção é muito importante”, explica a fonoaudióloga Marcella Vidal. Ela lembra ainda que existem pessoas mais suscetíveis aos altos ruídos do que outras. “O ideal é consultar um especialista e fazer um exame, chamado audiometria, para detectar se já existe alguma perda auditiva”.
Considerações do Dr. Marco Nunes
Quanto ao artigo, há várias considerações a serem feitas relativas à parte legal do tema. Em primeiro lugar, é proibido dirigir com fones de ouvido. Ou seja, neste caso, não é necessário entrar no mérito de que os fones podem causar danos ao ouvido, já que o uso dos fones em veículos automotores não é permitido.
Em segundo lugar, com relação aos escapes alterados, todos eles devem ser submetidos à autoridade competente para homologação. Esta homologação será feita somente se eles não ultrapassarem os limites estabelecidos pelo CONTRAN na Resolução 418/2009. As motocicletas devem, obrigatoriamente, obedecer a estes limites (que são máximos), tanto originais quanto modificadas. Saliento que TODAS as motos originais ficam muito abaixo do limite máximo estabelecido pela Resolução (que é de 99 decibéis).
Se considerarmos a linha YAMAHA, por exemplo, a moto em produção no Brasil com o maior ruído é a Fazer 250, com 85,5, ou seja, no limite do que seria seguro (a grande maioria dos demais fabricantes ficam dentro de uma média de 85 a 87 db de ruído máximo). E mais, se contarmos que os motociclistas utilizam capacetes, podemos ainda considerar menos 3 a 4 db na utilização CORRETA da moto.
Contudo, é óbvio que se agirmos sem nos preocuparmos com os limites legais (modificando os escapes, por exemplo) ou se utilizamos motos mais antigas (onde os limites eram maiores) pode sim haver algum prejuízo para nossa saúde auditiva. Mas esta não é prerrogativa da moto, mas sim de todos os veículos automotores, bem como máquinas que se utilizam de motores a combustão.
Portanto, vale o alerta da especialista, mas o fundamental é que o motociclista aja de acordo com a lei e também se preocupe com o ruído, deixando de lado o tom fatalista que o artigo quer dar ao tema.
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada. No link: http://www.motonline.com.br/dirigir-motocicletas-pode-prejudicar-a-audicao/

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A ajuda limitada e as fronteiras da psicanálise


Caros amigos, companheiros de jornada, usuários de veículos de duas rodas, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da motocicleta, das viagens e dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida, salve.

            Gostaria de começar dizendo o que é mais óbvio: para explicar o título deste texto, gostaria de dizer que sou um ser humano comum que gosta de ajudar os outros para ajudar a mim mesmo. Acho que isso define tudo. Não é necessário lembrar que não sou psicanalista.
            Então se alguém tem uma sacola pesada, um trabalho de faculdade, um lugar longe para ir, se alguém precisar de companhia, de uma conversa, um ombro ou mesmo uma passagem, fica fácil de resolver.
            Mas quando uma pessoa está em conflito, não um adolescente com crise de identidade, mas alguém adulto e resolvido que criou expectativas em uma situação e que precisava de certo “feedback” que não foi percebido, de que forma se deve agir?
            Pergunta difícil até para um estudante de sociologia/antropologia e inquieto observador do comportamento alheio. Ainda mais quando se trata de um amigo, gente do seu meio sabe? Alguém que claramente te pede ajuda e você se vê numa situação complexa, tão dura que nesse momento desejei ter formação em psicologia.
            E o que isso tem a ver com motociclismo? Bem, talvez nada. Porém, dentro de alguns círculos, por exemplo, o nosso de motociclistas, nos tratamos como família, e família nos preocupamos com o bem-estar uns dos outros, posto que o nosso companheiro de estrada e nós mesmos temos de estar bem para que a viajem flua e não ocorram acidentes.
            Criamos expectativas nas pessoas, isso é um defeito e quando não somos correspondidos, bate sempre uma decepção. Esperamos que algumas situações sejam resolvidas a nosso favor, é normal. Acreditamos que antiguidade é posto, e que o bom trabalho tem de ser valorizado, que os do contra sempre vão perder. Não estamos prontos para lidar com perdas, não fomos educados para aceitar a morte, no dia-a-dia queremos sempre nos dar bem. Isso para mim, como futuro sociólogo, são fatores responsáveis pelo aumento de depressão no mundo. E para colaborar com minhas idéias, o jornalista que escreveu um livro sobre depressão intitulado O Demônio do Meio-Dia:
“A depressão é a imperfeição no amor. Para podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição.(Andrew Solomon).
            Mas jeito de ser do brasileiro, sempre se aproveitando da inocência alheia e fazendo piadas do próprio sofrimento ajuda a encobrir a depressão quando ela se aproxima.
            Se alguém me pergunta o que fazer para ajudar um amigo em crise eu não saberia responder, mas gostaria muito de ter uma resposta simples, como por exemplo: “toma aqui a chave da minha moto e vai lá em João Pessoa que já vai passar sua tristeza”. Mas isso não vale para todos. Talvez só para mim.
            Já perdi tanta coisa, meus pais, alguns grandes amigos, muitas oportunidades, por isso não estou disposto a construir algumas coisas só para não perdê-las depois. Isso não me torna o cara mais apto a confortar os amigos, mas sempre que sou solicitado eu tento. Nem sempre consigo, e tento ver isso como um fato normal, não como mais uma perda, ou já teria perdido a ponte com a realidade.
            Uma das origens dos moto clubes foi o fato de que a motocicleta pode conferir um pouco de emoção as pessoas que pilotam. Então, tem-se que os ex-militares, os que voltavam da guerra, procuravam por aventuras novas em suas vidas e a motocicleta se encaixa bem nesse propósito. Ainda não consigo provar mas acho que foram eles os primeiros Café Racers, em minha modesta e incompleta pesquisa.
            Então sempre digo a quem está mal da alma para procurar em algo ou alguém que ficou motivos para continuar sua história. Quem morre, descansa, eu acredito. E nós que ficamos temos que adoçar nossas vidas com um pouco de liberdade e de coisas que nos fazem bem. Quem fica é que precisa continuar vivendo. Continuar ajudando os outros e sendo ajudado a continuar também. Reciprocamente é melhor, como os abraços e os apertos de mão.
Joel Gomes – acadêmico das ciências sociais, motociclista, colaborador e membro do Brokk MC (jotagomes@gmail.com)

domingo, 6 de maio de 2012

A1, A2 e A3 | Projeto de lei cria 3 categorias de habilitação para motos


O deputado Roberto de Lucena (PV-SP), enviou para a câmara um projeto de lei que cria 3 subcategorias para a habilitação de motociclistas: a A1, A2 e A3. É de conhecimento popular que hoje existe apenas uma categoria, a A. E habilitado nela, o motocilista pode pilotar motos dequalquer cilindrada.
Segundo o projeto (Lei 3240/12), os motociclistas habilitados para a subcategoria A1, podem pilotar motos até 150 cc, já os habilitados na A2, poderão pilotar motos até 400 cc. Agora, o motociclista que não quer ter nenhuma restrição quanto à cilindrada da moto, terá que se habilitar na A3.
Segundo o nobre deputado, o objetivo de sua proposta é aperfeiçoar o processo de habilitação de motociclistas e, consequentemente, reduzir os acidentes de trânsito, envolvendo motociletas e similares. Ele diz ser inadimissível um jovem de 18 anos, com 20 horas-aula de prática de direção fora de vias de tráfego normal, poder pilotar uma moto de alta cilindrada (o filho do Eike Batista tem 20 anos e dirige uma Mercedes Mclaren, mas tudo bem né? – inclusive, se fuçar um pouco na internet, encontro rebentos recém habilitados de políticos, pilotando carros com motores potentes).
Para tentar fazer com que o seu projeto seja aprovado, ele utiliza os já conhecidos dados de pesquisa que mostram o “custo” que os acidentados causam ao estado (2º ele, entre 2007 e 2010, R$ 180 milhões com 150 mil internações – a conta da Previdência com gastos de auxílio nesses casos chegou a R$ 8 bilhões).
A proposta, que tramita em caráter conclusivo será analisada pelas comissões de Viação e Transportes; Constituição e Justiça; e a de Cidadania.
Para conhecer melhor o projeto, acesse esse endereço:camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=534916
Não quero criar polêmica e muito menos generalizar toda uma categoria, mas moro na capital de São Paulo e a grande parte dos acidentes que vejo, ou que tenho notícia, são dos onipresentesmotoboys que pilotam, em sua grande maioria, motos de 125, 150 ou 250 cilindradas. Difícil ver uma superesportiva de 1.100 cilindradas, uma grande custom ou até mesmo uma Big Trail embaixo de um carro no caótico trânsito da minha cidade.
Gostaria de poder perguntar a um desses políticos, qual o tesão que eles sentem de querer semprecomplicar a vida dos motociclistas. O PROBLEMA É SEMPRE O MOTOCICLISTA. Ora querem proibir garupa pois motociclista é bandido; ora querem aumentar o seguro obrigatório pois a saúde no Brasil é ruim, por que motociclista cai, se machuca e se transforma em um custo alto; ora querememplacar nossas motos na frente para sermos multados com mais facilidade; ora temos que gravarem nossos capacetes e jaquetas, a numeração da placa da moto; e tudo sempre com as desculpas: “segurança do cidadão” e “custo que ele representa“….
….bom, já perceberam que devo parar por aqui para não ser malcriado com o nobre Deputado.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

PARA ORTOPEDISTAS, 16 ANOS É IDADE MÍNIMA PARA CARONA EM MOTOCICLETA

O representante da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT na câmara temática sobre “Transporte de Crianças em Motocicleta” defendeu a proibição de carona para crianças com menos de 16 anos. A tese, que foi vencedora na reunião promovida pela Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo será encaminhada ao Congresso Nacional, onde está sendo discutido o projeto de lei 6.401/99, do ex-deputado professor Victorio Galli.


O então parlamentar quer mudar a legislação atual, que proíbe o transporte de menores de 7 anos de idade em motocicletas, motonetas e ciclomotores, elevando a idade para 11 anos, tese que não é aceita pelos ortopedistas.

Durante a reunião da ‘Câmara Temática de Saúde e Meio Ambiente no Trânsito’ o representante da SBOT, ortopedista pediátrico Miguel Akkari, justificou que não há argumentos técnicos para defender a liberação aos 11 anos, pois do ponto de vista médico “não há diferenças anatômicas importantes entre a criança de 7 e de 11 anos, ao contrário do que ocorre quando a idade é de 16 anos, na qual a estrutura esquelética já é bem próxima daquela do adulto”.
Para Akkari, não há sentido em liberar uma criança de 11 anos para ser carona no veículo que mais se envolve em acidentes no Brasil, no momento em que as autoridades de trânsito procuram, em trabalho conjunto com as sociedades médicas, encontrar formas de minorar o número de mortes em acidentes com motocicletas, aumentando o nível de segurança de veículos em duas rodas.
O aumento do número de acidentes envolvendo motocicletas é tão grande, no Brasil, que preocupa a Organização Mundial da Saúde, cuja representante, Mercedes Maldonado, recentemente lembrou que com uma frota mais reduzida que a de automóveis, as motos já representam 16% dos acidentes no País. Outro problema é a gravidade desses acidentes que, segundo depoimento de Mauro Ribeiro, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, fez com que em algumas localidades o índice de mortes em acidentes com motos passe a representar mais de 50% dos óbitos.
Outro levantamento, feito entre 2004 e 2008, justamente quando a frota de motos passou a crescer em maior velocidade, indica 6.700 mortes anuais de motociclistas, ao passo que outra estatística mostra que o total de mortes de motoristas de motos cresceu 2.000% em 16 anos.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

No comboio, motociclistas assumem funções especiais para garantir segurança da viagem

Quando um grande número de motociclistas se locomove junto, como numa viagem, a formação de um comboio é a melhor saída para manter a segurança do grupo. No entanto, para o conjunto seguir ordenado até o ponto de destino, é necessário que alguns pilotos assumam funções específicas, essenciais à segurança de todos. Para cada função, também existe um nome específico: Batedor, Âncora, Anjo, Metade do Grupo e Ferrolho. Saiba qual é o trabalho de cada um desses cargos.


É natural que cada moto clube tenha seu estilo de pilotagem. No entanto, em grandes viagens, é comum que vários grupos de motociclistas se unam. Aí, as formas de pilotar a máquina de duas rodas têm que se homogeneizar. 


A presidente do moto clube Mulheres na Estrada , Camilla Vazquez, está acostumada a organizar esse tipo de evento. Ela diz que distribuir funções dentro do comboio é uma maneira de manter a ordem e, consequentemente, a segurança. “Mas um empecilho é o fato de não termos um curso para formar as pessoas que terão funções especiais no comboio. Essa formação acontece no boca a boca, com os mais experientes ensinando aos mais novos”, destaca.

A presidente conta que a primeira moto da formação é a do Batedor. “É ele quem cumpre a rota planejada por quem coordena a viagem. Ele também define as ultrapassagens e as paradas que não foram previstas”, explica.
A segunda moto do comboio é a do Âncora. A publicitária Erika Rosa, 29, costuma exercer essa função. Conhecida como Viraguinho, por sua Yamaha Virago 250, ela fala que segura o comboio quando o Batedor precisa ir um pouco mais rápido. “Combinamos a velocidade em que o grupo deve seguir. Se o Batedor exceder esse limite, já sei que surgiu alguma necessidade e seguro o resto das motos naquela velocidade combinada. Dou liberdade ao Batedor”, afirma Erika.

A publicitária, que é vice presidente do Mulheres na Estrada e está no mundo do motociclismo há cerca de três anos, tinha outra função nos comboios antes de ser Âncora. “Há dois anos, eu era o Ferrolho, que geralmente precisa ter uma moto mais potente, pois pode haver a necessidade de alcançar o Batedor”, frisa Erika. Ela também conta que o Ferrolho evita a entrada de estranhos no comboio e mantém o grupo sempre unido, para não haver espaços vazios no meio da formação. Evitar “buracos” no comboio também é a designação no Metade do grupo.

Já quem tem uma função protetora na vida e no comboio é o vigilante Nadilson Walbert, 25, chamado de Leoroy. Envolvido com o motociclismo há três anos e integrante do Piratas Motoclube, ele é o Anjo, ou seja, aquele que servirá de apoio se a moto de algum integrante do comboio quebrar. “Se tivermos um problema desse tipo, sou responsável por avisar ao Batedor”, diz o dono de uma Honda Tornado 250.

Funções no comboio

Batedor - É a primeira moto da formação. Tem que cumprir a rota planejada pelos organizadores da viagem. Define as paradas que não foram previstas

Âncora - Fica logo atrás do Batedor. Segura o comboio numa velocidade predefinida quando o Batedor precisa ir um pouco mais rápido

Metade do Grupo - Mantém o grupo sempre unido, para não haver espaços vazios no meio da formação

Anjo - Se a moto de algum integrante do comboio quebrar, é o Anjo que deverá ficar como moto de apoio, esperando a manutenção

Ferrolho - Evita a entrada de estranhos no comboio e não deixa que “buracos” apareçam no meio do grupo


 Eu ainda me lembro...   Não sou escritor e acho que isso não se diz. Não que alguém não possa estudar para ser escritor, porém se você ...