domingo, 14 de fevereiro de 2021

 

São Lourenço da Mata, 08 de fevereiro de 2021.

Sobre a auto estima, o amor próprio e outras observações

Caros amigos incidentais, companheiros de jornada, amigos de todos os lugares, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da vida, das viagens, dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida pilotando e fazendo parte da paisagem, bem vindos à vida.

Sempre que me perguntam: o que é viver? Eu respondo: viver é fazer boas escolhas. E tem até um meme onde o aluno pergunta ao sábio:

Aluno: - mestre, como faço para me tornar sábio?

Mestre: - boas escolhas.

Aluno: - mas como fazer boas escolhas?

Mestre: - experiência.

Aluno: - E como adquirir experiência?

Mestre: - más escolhas.

Eu defendo que devemos aprender com os nossos erros, mas se você puder observar ao seu redor as pessoas batendo a cabeça, insistindo em objetivos impossíveis, em busca de uma felicidade eterna, achando que like é afeto e usar isso com lição para não precisar levar aquele puxão de orelha da vida, poderemos sim escolher melhor. O que atrapalha é essa ideia do ser humano de acreditar que sempre sabe o que está fazendo e onde está indo.

As escolhas que fazemos dependem de muitas outras coisas, muito da observação do mundo, mas também dos nossos desejos e de como enxergamos o nosso papel na sociedade, só para começar. Depende do nosso conhecimento, pois como ensinava meu professor de Sociologia “quem não tem conhecimento não tem perspectiva”, quando se referia a si mesmo em sua infância. Então, podemos dizer que as nossas escolhas pessoais também dependem dos nossos horizontes, do que conhecemos do mundo, do que ainda almejamos conhecer, sentir e ver.

Se você deseja se aposentar e morar na praia, conhecer o Louvre e o Taj Mahal, ou ir de motocicleta até a Patagônia, essas ações podem ser planejadas e realizadas de várias maneiras por pessoas diferentes e até pela mesma pessoa. Mas na maioria dos casos o ideal é trabalhar por um único objetivo ou, ao menos, um objetivo de cada vez. O que não determina nem impede sonhos múltiplos.

Entretanto, no meio de todos os critérios de escolha que temos durante a vida, acredito que um fator é determinante: a autoestima. Quem tem autoestima baixa pode ser atrapalhar na hora de diferenciar com clareza uma oportunidade de um favor. Pior: a pessoa pode achar que não merece aquela oportunidade ou que não poderá responder as expectativas criadas para si.

Isso supondo que a pessoa comum tem baixa autoestima, mas possui um senso crítico razoável. Autocritica é mais fácil de encontrar e mais intensa que autoconhecimento. Acredito que o rumo que a humanidade tomou contribuiu mais para a autocritica que para o autoconhecimento e isso é triste. As vezes acho que o ser humano caminha para um colapso de sentimentos onde ninguém mais vai se entender. Cada dia temos menos tempo para confraternizar, e em meio a polarização política vigente conheço pessoas adultas que deixaram de falar com as próprias mães.

A autoestima é imprescindível para a vida adulta e para quem quer seguir seus projetos num país como o Brasil com tanto estigma e preconceito se torna ainda mais importante. Digo isso por experiência própria: a vida me foi bem madrasta, parafraseando Lenine em uma entrevista antiga onde ele falava sobre o início de sua carreira ele diz “a vida sempre me sorriu amarelo”.

Mesmo para um ser humano consciente de suas capacidades o mundo é sempre bem intimidador, as situações sempre se mostram cada vez mais complexas. Até a década de 70 você conseguiria um emprego poderia ficar nele até se aposentar: hoje em dia é difícil passar dez anos em uma mesma empresa e a expectativa de se aposentar antes de morrer de alguma doença da idade avançada fica cada dia mais distante.

Mas a baixa autoestima te impede de melhorar, de progredir por que você acha que não pode ou que não merece, ou quem sabe alguém muito importante para você lhe disse que você não poderia e você acreditou, fica bem difícil. Por que o mundo não esperar sua autoestima melhorar para que você siga tentando. Eu tive a sorte de encontrar muita gente bacana na vida, que me deu a mão e força para continuar. Eu fui imensamente ajudado na vida. Sempre encontrei mais seres iluminados do que ignóbeis e sem empatia, mais mãos estendidas que batedores de carteira.

E tem mais: o grande alicerce da autoestima é o amor próprio. A forma e o respeito com o qual você se trata tem a ver com tudo o que aconteceu em sua infância e vai refletir na sua vida de adulto. Interfere no amor próprio e este fundamental. Não é à toa que uma das bases do cristianismo é “amar ao próximo como a ti mesmo”. Não há como você exercitar o amor nem pelo seu smartfone se você não se ama antes. Você tem que se amar para respeitar o seu dinheiro e comprar objetos que possa pagar sem maiores percalços, por exemplo, vai ter smartfone, mas não vai ter internet para usá-lo e isso é trabalhar com os limites de suas possibilidades financeiras e tem tudo a ver com amor próprio. O quanto você valoriza o dinheiro que você ganha e como você se organiza para pagar o que compra está diretamente ligado a autoestima e ao amor próprio.

E isso é uma daquelas estruturas que deveriam ser ensinadas na escola, mas não acontece e quando conseguimos aprender por osmose ou de tanto errar o tempo já passou muito. Tem gente que chega no fim da estrada e não consegue descobrir tanto sobre si mesmo.

 Joel Gomes – Bacharel em Ciências Sociais, acadêmico da Geografia, Pernambucano, Moto-turista, escrevendo para se livrar das suas próprias dores (jotagomes@gmail.com).

 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

 

São Lourenço da Mata, 08 de dezembro de 2020.

Angustia e outros sintomas de ser humano

Caros amigos incidentais, companheiros de jornada, amigos de todos os lugares, gente diversa e versada em discutir sobre como desfrutar da vida, das viagens, dos relacionamentos em grupo, e de nós que driblamos os problemas da vida pilotando e fazendo parte da paisagem, bem vindos à vida.

Nunca a frase “bem-vindos à vida” fez tanto sentido. Nos meus[1] quarenta e seis anos de vida eu jamais imaginei que o mundo pudesse viver uma pandemia de um vírus mortal, e que todo o lado sinistro de cidadãos no poder fosse se revelar nos seus mínimos detalhes. E essas duas coisas aconteceram em sequência: primeiro a torpeza das pessoas, que segundo alguns jornais, teriam surgido ou se fortalecido depois dos movimentos de insatisfação social em 2013, e que culminou na ascensão de um regime de governo totalitarista (poder de uma doutrina ou ideologia), fomentado por mentiras propagadas em redes sociais, conhecidas como fake news.

Então estar vivo e até se sentir vivo neste momento, significa muito. Eu sempre senti que, quando escrevo, e principalmente quando o texto fica bom, inteligível, estou vivo e energizado. O texto é um bom lugar de reflexão e de exacerbar os sentimentos reprimidos. A pandemia alterou o mundo e a percepção das pessoas sobre o mundo também. Digo isso por mim mesmo: antes eu não me esforçava para ir a todas as festas e confraternizações ao contrário, sempre escolhi muito bem onde eu deveria estar presente, onde eu realmente era esperado e querido, jamais apenas tolerado.

Falar de solidão, assunto de profunda complexidade, exige um conhecimento de si mesmo que acredito ter, mas posso estar enganado. Acho que pela primeira vez eu me sinto sozinho. Não estou dizendo que sou iludido com a ideia de que um casamento seja capaz de acabar com a solidão, ao contrário, além de não acabar ainda pode reforçar a sensação de que o ser humano embora inevitavelmente social está essencialmente só. E também que o amor tem prazo de validade, o que para mim é o mais obvio a se aprender com o casamento.

As vezes me deparo com texto profundos na única rede social que uso atualmente, em prints, por que a quantidade de caracteres das mensagens é limitada. E sempre me chama a atenção a quantidade de gente que se sente sozinha e não é por causa da pandemia do Covid-19. Gente que não conta com o apoio de parentes próximos, que como eu não tem cônjuge, ou que talvez até tenha, mas está em outra sintonia ou tentando tratar a própria solidão.

Como é difícil ser adulto às vezes. Tanta responsabilidade e tantos desejos não atendidos que a mente até entra em conflito de prioridades. E como dizia o enigma da Esfinge Decifra-me ou devoro-te, o importante é decifrar a si mesmo antes que o carrasco interior o consuma, o devore. E é na solitude[2], condição de quem escolhe ficar só, presumindo que no momento a pessoa consiga isso, que vamos encontrar possíveis respostas, se valendo de que nesse momento de reflexão nenhuma tragédia aconteça.



[1] Joel Gomes – Bacharel em Ciências Sociais, acadêmico da Geografia, Pernambucano, Moto-turista, escrevendo para se livrar das suas próprias dores (jotagomes@gmail.com).

[2] https://www.dicio.com.br/solitude/.

 Eu ainda me lembro...   Não sou escritor e acho que isso não se diz. Não que alguém não possa estudar para ser escritor, porém se você ...